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segunda-feira, 27 de junho de 2011

Desencontro


Arrumei um namorado pela internet. Começamos a teclar. Ele disse que morava no Itaim. Legal! Era perto de onde eu trabalhava. Continuamos teclando por duas vezes, até que marcamos um encontro. Na porta do cinema. Dizem que o jeito mais seguro de conhecer alguém presencialmente é num lugar público. Foi o que eu fiz. Pessoalmente ele não era tão bonito quanto pela foto que vi na internet. Parecia triste, calado, derrubado mesmo. Contou logo de cara que já tinha sido casado. Duas vezes para ser exato. Contou que viveu em Los Angeles por seis anos. Trabalhava como motorista de táxi. Casou-se com uma brasileira por lá. Mas ele não tinha green card, era imigrante ilegal. Então, perdeu a mulher para um porto riquenho, que é cidadão americano. Ficou infeliz e frustrado. Resolveu voltar para o Brasil. Sua mãe ganhava dinheiro como dona de restaurante. Era viúva de um juiz federal. A irmã era professora universitária e o irmão era empresário. Começamos a sair com frequência. Conheci seus filhos e levei-os para passear. Eram crianças educadas. Gostei deles. Cheguei a comprar-lhes uma lembrança de Dia das Crianças. Mas de triste e angustiado, ele mudou para animado e angustiado. Achei que podia estar com novos problemas. Pensei que as ex-esposas eram as grandes culpadas pela sua infelicidade no casamento. Mas fui descobrindo que a coisa não era bem assim. Um dia, ele me disse que precisava viajar. Precisava ficar sozinho e tirar um tempo para pensar. Tudo bem, eu pensei. Uma semana depois, liguei para sua casa e ele atendeu. Eu nem esperava que ele estivesse por lá, mas já que estava, levei um bolo de chocolate para comemorar seu aniversário. Fui até seu condomínio e pedi para avisarem que eu estava lá embaixo. Recebi o recado que era para eu não subir. Deixei o bolo na portaria e voltei para casa. No caminho, ele telefonou para meu celular. Queria pedir desculpas pelo seu comportamento. Mas afinal, adiantava lamentar? Não. Fui bem objetiva e descartei-o. Ele me disse que eu era legal. Mas isso realmente não me interessava. Eu só não queria perder meu tempo com quem não valia a pena. Doeu? Sim, decepção sempre dói. Mas passa tão rápido quanto abrimos os olhos e buscamos novas alternativas. Dizem que se esquece de um amor nos braços de outro. Acho que é verdade!

Um comentário:

  1. Interessante, Sílvia. Coisas que acontecem. Atitudes que não se entendem. Mesmo que seja ficção, hoje os relacionamentos são "esquisitos". Onde está o ser humano???
    Bjuzz :)

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