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domingo, 14 de novembro de 2010

Churrasco



O negror do carvão
O calor do fogão
A flama da chama
O crepitar e o fervilhar
Domingueira a churrasqueira
A Carne vermelha
O beijar da cerveja
Abanar para incendiar
O frango dá pro rango
Alcatra não me mata
Do cupim tô a fim
A calabresa está na mesa
A toscana que me chama
O miúdo vem com tudo
A risada da criançada
No churrasco em família.

Sangue


Corre
Discorre
Pinga
Respinga
Mancha
Desmancha
Espirra

Irrita
Palpita
Fertiliza
Imortaliza
Domina
Fascina
Paralisa

Floresce
Cresce
Enrubece
Amadurece
Enternece
Entristece

Falesce
Socorre
Mata
Morre

Diluido
Fluido
Da vida.

Dons



Dias de sol
Canto dos pássaros
A música do silêncio
A brisa nas folhas das árvores
Está na hora de levantar
Deus dá o sinal
A sirene do café me chama
Levanto da cama
Abro as janelas
Respiro fundo
Encaro o mundo
A vida corre em minhas veias
O trabalho tece suas teias
Tudo é um grande tabuleiro
Conheço as regras
Uso minhas peças
Não sigo o fluxo
Desliso no veio
A tarefa passa pelo meio
Olho o fundo
Não caminho errante
Sigo adiante
Dos sentimentos me coloco distante
Espalho meus dons como sementes
Vão brotar? Vão estagnar?
Vão crescer? Vão desaparecer?
Só não domino as consequências
Parecem demências
Mas são pertinências
Não me importo com o futuro
Pois abro buracos
No meio dos muros
Conheço meus dons.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Roda de Samba




Parceiros se encontram na roda de
Samba
Embala o bamba
Toca tumba
Tambor
Sinos sibilam com langor
Quadris da mulata balançam
Pernas do bamba a enlaçam
Chacoalha o chocalho no assoalho
Pernas levantam e abraçam
São raízes que se lançam ao solo
O sambista samba
Sobem seus sapatos do assoalho
Pés descalços
Saltos altos
Bate o pandeiro
A mulata chacoalha
Escorre o suor na fornalha
Gira a mulher no salão
Leva e traz a parceira pela mão
Samba o bamba
Gira e traz
Leva e puxa se lhe apraz
Esta dança não descansa
Dançar o samba
É pura sedução

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O remédio da paixão



Era festa em noite enluarada
Havia para todo lado
Rapazes e moças paramentados

No meio deles, um rapaz calado
Tímido e retraído
Da dança ficava afastado.

Até que por certa moça foi atraído
Da festa, era a moça mais bela
Apaixonou-se assim que olhou pra ela.

Seu amor foi correspondido.
Dela se aproximou escondido
Sua mão ela pegou
E para a pista o levou.

Pegou na sua mão
E flechou seu coração.

Esta é a explicação:
De que modo as chagas de Omulu
Iansã curou.

A lenda do caçador


Ave feroz o céu sobrevoava
Era tão grande que a cidade dominava
O povo gritava, ela os aterrorizava
Ao rei pediram ajuda assustados
E ele convocou a todos apressados.

Os arqueiros reais então compareceram
Armados de flechas heróis apareceram
O mais guarnecido cinqüenta flechas atirou
Porém nenhuma delas na ave acertou.

O menos guarnecido destemido compareceu
Trinta flechas atirou, com nenhuma venceu
Ninguém acertava, ninguém à ave derrotava
Até que um fervoroso e destemido apareceu.

Qual não foi a surpresa quando o arqueiro acertou
Com apenas um tiro, a ave derrubou!
E uma lição de economia nos ensinou:
Olho no alvo, arma nas mãos, crença no coração
E uma única flecha toma a direção.

Mulher, cadê?


Mulher, cadê seu vestido?
Aquele todo florido
Mulher, cadê seu marido?
Está em casa ou perdido?

Mulher, cadê seu bebê?
Foi limpo e alimentado
Ou deixado por você?
Por acaso, ele é amado?

Mulher, onde está sua cama?
Embaixo do homem que ama,
Ou está só, de pijama?

Mulher, o que fez da vida?
Onde levou a corrida?
Está feliz ou esquecida?

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Cama


Ansioso desejo
de me espreguiçar na cama
esquecer das dores
desfazer tensões reais
e esperar o novo dia

Banho


Suave elã fresco
frondosa fonte de espuma
cujo rumor seco
de nublada e fresca bruma
me envolve e limpa no banho

Flores


Suas doces margaridas
amarelas e floridas
vermelhos cravos e rosas
papoulas brancas leitosas
juntas num grande buquê
não me deixam esquecer
meu bem afinal
quero saber de você

MOVIMENTO


Mudo mas murmurante
marolas macias
mirabolantes
milagres molhados massantes
meio morais
meio mirantes
mais mais muito mais
mais momentos mais movimentos

Dia das Bruxas


Dedicado à
Intensa e
Antiga

Doutrina
Ancestral das
Seguidoras de

Brígida, a
Rainha
Usuária do
Xale das
Anciãs
Sagradas