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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

ÍSIS


Do Egito era a mais bela e poderosa
Das deusas, com certeza, a mais formosa
A Osíris entregou-se com paixão
Nem a morte quebrou seu coração.

Como o cunhado matou o marido
Sincera deixou-o reconstruído
Osíris padeceu morte horrorosa
Esquartejada e bem dolorosa.

Fiel, Ísis procurou seus pedaços
Até que juntou todos os bagaços
Mumificou-o e lhe deu nova vida
A sobrevida foi-lhe dolorida

Desperto, ele engravidou a ajudante
Para Ísis não foi justo ou brilhante
Verificou não ter todo o amante
Que paixão eterna e decepcionante!

DESESPERADAMENTE


Desesperadamente
Quis um amor procurar
Amou seu beijo
Amou o desejo
Tão somente
Amou o reencontrar
Mas qual não foi sua alegria
Quando o viu batendo a porta
E deixando a casa vazia.

ORIXAS


Em céu e terra se divide a mitologia iorubá
Semideuses ou divindades são chamados orixás
Dos elementos da natureza
São guardiões com certeza.

Há também os intermediários
Seiscentos são orixás primários
Entre os deuses e os homens vivem
Em duas classes se dividem.

Há os do céu que são seiscentos
Mais os da terra que são quatrocentos
Os do céu são Irun Imole
Os da terra são Igbá Imole.

Destes, branco vestem os Funfun
Coloridos ficam os Dudu
Branco usam Oxalá e Orunmilá
Coloridos são Xangô e Obaluayê
Seus domínios são Aye.

Seiscentos são africanos
Apenas doze são conterrâneos
Tantos na África espalhados
Poucos aqui são cultuados.

BÚZIOS


Em meio ao sonho, Exu fez-me acordar
Chegou-se à parede, começou a mostrar
Na tela em branco, pude ver o mar
Sentindo a brisa, voava no ar.

Passado e futuro, tudo a passar
Com muito receio, parei pra lhe ouvir
Não temas, me disse, que tudo há de ir
Beleza ou saúde, tu deves curtir.

Mensageiro do além sombra dos homens
Se Exu te avisa, saiba o que tens
Ouça e fale, veja e divulgue
O bem e o mal passam, não te perturbes.

Só quando acordei, comecei a saber
Que Exu me abria a via a escolher
O caminho das graças e de tudo ver
Ou o caminho dos homens e do poder

Fiquei em silêncio e segui o saber
Como se eu já não soubesse o que iria ter
O brilho de Oxum me trouxe os búzios
Eu vi seus criados bem macambúzios

Vesti-me de branco e comecei a seguir
Desde então meu destino correu a fluir
Hora de partir, hora de partir
E a lição dos iorubás transmitir.

REDE


De tarde
A rede range
O tempo não arde
O sino não tange.

O corpo se estende na rede
O sol brilha longe da sombra
A rua anuncia o barulho do dia
Nada se pronuncia.

O ritmo é de férias
Vizinha irritante toca a campainha
Viro para não ver
Olho pra cozinha.

Já tenho comida na geladeira
Não tenho hora pra bebedeira
Ignoro o que não quero
Pois, preciso de descanso.

Fecho os olhos
Volto ao silêncio
Não tenho saber para o que eu não penso.

Volto a dormir
Não quero sair
Desligo do dia
Já tarde corria.

Estou na rede
Nem tenho sede.

INSÔNIA


São três horas no relógio
É noite clara de lua
O sono deslisa pelo prédio
Não vejo alma nua

Vibrações dos roncos perturbam
Minha noite eles conturbam
A mente quer trabalhar
A filha levanta pra atrapalhar

Pra ela eu grito que me deixe aqui
Não vê que busco de tudo fugir?

Já rolei na cama por horas
A vontade de dormir foi embora
As palavras saltam pra mim
Por favor, me deixe assim!

Neste instante escrevo de amante
Dor, trabalho, amor, solidão,
Nada me importa então

Para mim, já não há o que oprime
Só busco a palavra que rime
E me tire desta confusão
Assim sigo minha intuição.

A AMIZADE SE FAZ NA MESA DE BAR


Pedem o mesmo com gelo e limão
Entretidas buscavam uma nova canção
Porém dali sai outra composição
Ideias se fundem e fazem a lição

A alma se despe em meio aos sorrisos
As palavras se encontram além dos sisos
Chorou, amou, sofreu, perdeu
Mas o mais importante se compreendeu

Inscritas estavam em instituições
Falaram por horas em convicções
Corriam e passavam por filosofias
Já nem mais contavam as crenças de pia

Quando almas se encontram é uma alegria
Da vida se esquecem sem monotonia
Amizade fiel enquanto viram o tonel
Eis que vai começar a amizade de bar.

ALMA


Além do corpo algo me leva
Além do olhar algo projeta
Além do escuro percebo o muro
Além do furo a luz afeta.

Além, além, muito além
Além do cheiro, além da cor
Além do tato, além do amor
Além de você, além de mim

Além de tudo, além do fim
Há a alma que se espalma.

PENÉLOPE


Penélope conta histórias para viver
Seu reino e seu filho quer defender
A mortalha do sogro diz tecer
A tecer de dia, à noite desfazer

Modelo de dedicada mulher
Finge dar ao candidato o que ele quer
Delicada e ardilosa a tecer
A mortalha que o faz se entreter

Cheia de fidelidade e dedicação
O que melhor pratica é dizer não
Diz não aos vários homens insistentes

Diz não aos reis ladrões de coração
Mais que uma viúva com pretendentes
Quer fazer todos os homens desistentes.

INTERDIÇÃO


Imersa em panelas
Não descansa delas
Torna e retorna ao trabalho
Ervilhas cozidas com alho
Rosbife dourado na manteiga
Devagar já esvaziou a cerveja
Imersa em suas ocupações
caÇa assada e cortada em porções
sÃo perigos do fogão
O fogo é a interdição

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Árvore de Natal




Galhos cobertos de folhas
Finas, frágeis, ondulantes
Delgada de galhos escalada
Distribuída com bolas variadas
Coloridas, douradas, vermelhas, prateadas
Coberta de fios de luzes brilhantes
Tocam músicas emocionantes.

Abaixo um presépio se espalha
Em suas raízes há pastores e ovelhas
Minúsculos, de plástico
E um casal muito simpático
Rodeia um berço com bebê risonho
Saudável, feliz, ingênuo e roliço
Com fofos bracinhos erguidos.

Três figuras ricamente vestidas
Carregam presentes e o seguem em fila
Aguardam sua vez para o presentear
A criança que todo ano vão adorar.

Acima as luzes persistem piscando
O céu está claro e iluminando
a lua reflete o brilho solar
Vozes enlevadas começam a cantar.