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domingo, 8 de maio de 2011

Espera



Lá estava desde às três da tarde. Domingo, as ruas eram tranquilas. Eis que aparece uma garota. Você está esperando alguém? Estou, marquei um encontro com um cara. Ele é seu namorado? Não, mas me convidou para ir ao cinema ontem à noite e eu não aceitei. Não aceitou? Por quê? Sei lá, não fiquei com vontade e recusei. Mas aí, liguei para ele e deixei um recado que o encontraria aqui, neste lugar às três horas. É, às vezes, a gente perde a chance e nunca mais tem outra oportunidade. Já passou meia hora, acho melhor você desistir. Tchau!

Ela o conhecera há dois dias. Estavam na praça, na Cidade Universitária. Sentada com amigos no horário do café, ele apareceu. Trazia nas mãos vários exemplares de uma publicação caseira, de sua autoria. Era um poeta. Interessante. Ativo, inteligente, poeta! Conversaram. Afinal, ela e os amigos participavam do Centro Acadêmico e muitas atividades culturais do Curso passavam por eles. Era sempre importante saber o que outros colegas faziam. Precisavam divulgar e publicar, incentivar outros com ideias semelhantes e agitarem o Departamento.

Moreno, alto, bonito e sensual, como dizia a letra da música. Talvez ele fosse a solução para os seus problemas... Trocaram telefone e a conversa ficou por aí.

Na noite seguinte, ele telefonou. Vamos ao cinema? Não. Por quê? Ah, não tô a fim. Tem certeza? Tenho. Tá bom, tchau! Aí, ela se perguntava: por que não tinha aceitado? Bem, vai saber...
Domingo seguinte, ligou para ele. Não estava. Uma garota anotou o recado. Então, ficou esperando naquele ponto de ônibus. Um ótimo lugar para marcar encontros e não parecer que estava esperando alguém. Mas como aquela garota tinha adivinhado?

Segunda-feira, foi atrás dele. No quarto da república onde ele disse que morava. Encontrou-o. Começaram a conversar até que surgiu a garota do ponto de ônibus. Ele se levantou e foi falar com ela. Depois voltou e esclareceu a história.

Ela é minha namorada. Quando você telefonou, ela atendeu e não me deu o recado. Resolveu ir atrás para saber como você era. Mas não esperava vê-la por aqui. Então, ficou muito sem graça...
A conversa não durou muito. Tudo foi embora como o vento. A empolgação transformou-se num balão furado, cuja borracha foi o estranhamento. A mentira é curta e vergonhosa para o mentiroso.

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