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quarta-feira, 15 de junho de 2011

TELHADO


Acordou sem os próprios cabelos. Mas só notou depois de lavar o rosto e olhar para o espelho. Sentia uma dor de cabeça! Nem conseguia se lembrar do que tinha feito no dia anterior. Era sexta-feira, então deve ter ido trabalhar até às cinco da tarde. Imagina que pegou o ônibus para casa. Olhou pela janela. Viu um carro estacionado na porta. Êpa! Então tinha um automóvel? Provavelmente voltou para casa de carro. Mas espera... costumava sair com os amigos às noites de sexta-feira. Ia dançar com a galera. Ia beber... adorava umas cervejas! Costumava tomar uma garrafa só para início de conversa. Mas como não ficava apenas na primeira garrafa, tomou algumas. Mais de duas, porque não conseguia se lembrar de nada. Para perder a memória assim, só mesmo tomando umas quatro garrafas de cerveja. Mas, não tomou apenas cerveja. Fez um brinde no grupo de amigos, tomando margueritas. Mais de duas, com certeza, brindou ao Diego pela passagem no vestibular e ao Antônio pelo seu aniversário. Espera aí, mas e o noivado da Aninha? O que mais comemorou naquela noite? Lembrou-se então da deusa com quem dançou. Ficou apaixonado. Como ela se chamava mesmo? Ai, que dor de cabeça! Agora notava que não estava no seu quarto. Onde estava? Como tinha parado ali? O quarto era tão estreito! Viu uma cama alta de ferro. Todo branco! E que pijama estranho aquele, com uma imensa abertura atrás. Que dor de cabeça! Finalmente passava a mão pela nuca. Sentia uma cicatriz de corte. Quando se machucou? Veio a embrança de tomar um drink de sabor diferente. Depois, estava no alto do telhado. Queria demonstrar seu amor àquela mulher maravilhosa com quem dançou! Subiu ao telhado de sua casa e gritou muito alto que a amava e que estava entregue àquela paixão que lhe dava asas. Olhava novamente para a rua. Seu carro era uma perua branca, onde se lia o nome do Hospital São Luiz. Resolveu apertar o sino pendurado ao lado da cama. Uma enfermeira se aproximou. Agora veio a certeza de que não sabia mais quem era.

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