Buracos negros
Plenos de dados,
que desconhecemos,
habitam-nos os lares.
Existem nos seios.
Dados conhecidos,
ou deconhecidos,
ignorados,
obstinados.
Tropeçamos neles,
e não os vemos.
Latejam e não sentem,
envenenam e coexistem,
Criamos.
Não desvendamos.
Escondem-se em prateleiras
cheias de livros,
suspiram em gavetas,
que sempre abrimos.
Não os encontramos.
Coexistimos.
Alargam.
E levam
o que guardamos.
Crescem e constróem
caminhos e sinos.
Chega o momento,
em que os sentimos.
Habitam-nos os seios,
mas dele sorrimos.
Olhamos e vemos,
o que queremos,
o que somos,
o que ouvimos.
Estamos juntos,
nos conhecemos,
tocamos as sombras,
abrimos as portas,
nos enlaçamos.
Agora há unidade,
somos unos,
voamos,
fluímos.
Levamos o que fomos,
o que somos,
o que fazemos ser.
Tomamos o destino,
atravessamos
buracos negros.