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domingo, 2 de setembro de 2012

FILHOS

Às vezes tomamos decisões erradas. Perdemos ou ganhamos com nossos filhos, mas o caminho para o pódio depende igualmente de nossa participação ou empenho. Quando o técnico do time adverte os jogadores, ele nos cobra responsabilidade. A falta ao treinamento, ou o atraso para o jogo são os limites para sermos melhores. A medalha de ouro que colocamos no seu pescoço tem participação nossa. As lágrimas derrubadas de emoção ou de dor também são nossas. As vitórias ou derrotas, ambas nos pertencem. Precisamos aprender a tomar as decisões corretas. Precisamos orientar e ensinar que a vida é um jogo. As conquistas só se fazem com responsabilidade, com dedicação, com fé. Precisamos acreditar até o último instante que podemos ganhar a cada erro, a cada fraqueza, a cada crítica recebida. Com estas aprendemos a melhorar. Não nascemos sabendo viver, não nascemos sabendo criar. Damos as mãos e aprendemos juntos. Dividimos as dores. Dividimos as glórias. Jamais desistimos. Assim somos pais.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

opressão


Opressão


Não há espaço para esticar os braços. Não posso nem mesmo mexer as mãos sob o risco de alguém pensar tratar-se de um assalto ou de uma bolinação. Pior é que nem consigo respirar. Torço para que ninguém tenha incontinência gasosa, caso contrário, não apenas não respiro como morro intoxicado. O ambiente não é tão restrito, porém parece fechado nestas horas. Não importa mais o horário. Sete da manhã. Nove da manhã. Meio-dia. Três da tarde. Cinco da tarde. Já existem diversos turnos alternados de trabalho. Acho que optaram por isso a fim de melhorarem a condição insustentável de vida quando se sai às ruas.

Trabalham-se vinte e quatro horas por dia. Todos os dias. Não existe mais feriado. Domingo. Férias escolares. As empresas de turismo sempre têm imensos grupos viajando. Não importa se inverno ou verão. E tudo está sempre lotado. Rodízio? Mesmo o rodízio de naves não funciona  mais. E considere-se que as naves são pilotadas por aqueles que têm mais dinheiro, ou valor econômico. A maioria das pessoas sai às ruas. Não enxergam o céu, porque ele está retalhado de naves. As árvores existem ao redor. Pequenas. Não frutíferas. Nem frondosas. Quase não se percebe a hora. Dia ou noite. A luminosidade natural é difícil. Por isso, em determinados instantes, as naves não podem sobrevoar determinadas regiões. É uma maneira de  garantir que alguns raios solares vão chegar ao solo, ou às árvores.

A fumaça exalada pelo combustível das naves é densa. Continuam existindo os antigos automóveis. Quem os dirige também tem dinheiro. Mas nem tanto quanto os que viajam nas naves. O transporte público é lotado. Mas passa constantemente. As vias estão sempre movimentadas. Não importa a hora. Dia ou noite. Tráfego intenso é uma constante. Por isso, milhares trabalham em casa. Conectados através de seus computadores, pela rede de wireless urbana. Há pessoas que passam dias sem contatar fisicamente nenhum outro semelhante. Alguns passam quase a vida toda sem contato físico. Apenas se veem pela grande tela do lar. Estes encontram mais conforto do que os que são obrigados a saírem de casa. Vão à escola sem saírem de casa. Brincam sem saírem do quarto. 

Frequentam a academia utilizando equipamentos caseiros e telas de computador. Alguns até fazem amizade na academia de ginástica, encontrando-se em telas. É um meio mais seguro, porque ficam protegidos dos vírus e bactérias que se proliferam de maneira incontrolável pelos lugares públicos. Em compensação, alguns nem podem sair de casa, por falta de anticorpos. Morreriam ao primeiro contato externo.

Por isso optei por frequentar os lugares públicos. Acho que vou melhorando minha espécie à medida que entro em contato com outras pessoas e desenvolvo anticorpos para as novas doenças proliferadas. Vou ao laboratório todo mês. Doo meu sangue para o preparo de novos remédios e novas vacinas. E também vejo a realidade. Nem todos têm acesso a estas informações. Não são agradáveis e nem todos têm condições de assimilá-las. Apesar de centenas de anos. Ainda acredito na evolução das espécies propagada por Darwin. E ele continua certo.