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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Símbolos


Os símbolos são incríveis, espetaculares.
Ora achamos que os entendemos,
Ora já não entendemos nada.
Ora pensamos seriamente no que dizem
Ora não nos dizem nada.

Símbolos nos fazem pensar
Levam-nos para imensas distâncias
Distâncias mais longínquas
Do que as que existem
Entre o céu e o mar.

Símbolos trazem e levam coisas
Idéias que não queremos dizer
Sentimentos que nem sabemos existir
Símbolos carregam e entregam mais
Se nos permitirmos olhar.

Símbolos,
No fundo todos somos símbolos ambulantes
Com forma, gosto, cheiro, imagens constantes,
Materializamo-nos em qualquer momento e lugar
Basta um símbolo vestirmos e vertermos
Para que ele esteja a nos acompanhar.
No início e no fim de tudo,
Além de nós mesmos.

o sapo e o vagalume


Naquela noite, o sapo já estava cheio
de se alimentar dos mosquitos
que empesteavam o pântano.
Porém queria atravessar
e as águas, como era sabido,
estavam cheias de jacarés,
que o sapo não enxergava
a tempo de se esconder.

Nisso, avistou um vagalume
e teve a idéia:
_Amigo, vagalume, pode fazer uma gentileza:
Quero atravessar e preciso de sua luz
para fugir dos jacarés.
Você poderia brilhar na minha frente
até que eu consiga
terminar a travessia?

_Tudo bem, amigo sapo,
estou indo naquela direção
não será difícil, ou qualquer sacrifício
ajudá-lo nesta missão!

E assim seguiram viagem
até que o sapo, com maldade
pulou a distância,
atingindo o vagalume,
que espantado lhe perguntou:

_ Por que você fez isso, amigo sapo?
Não precisava da minha ajuda
para fugir dos jacarés?

_Fiz porque você brilha!
Respondeu o sapo, com indiferença.

Nisso, a lagoa ficou escura,
o sapo não pode ver
e foi engolido pelo jacaré,
que estava próximo.

Então o sapo aprendeu
que a inveja mata!

o bode


O homem insatisfeito buscou o mestre
Que lhe emprestou o bode.
Levou o bode para casa.
O bode voava,
O bode fedia,
O bode cagava,
O bode importunava.

O homem levou o bode de volta.
Voltou para casa.
Não precisava procurar o bode,
Não precisava cheirar o bode,
Não precisava agüentar o bode,
Não precisava limpar o bode.
O homem descobriu que era feliz!

O veado


O veado olhava sua imagem no riacho:
_Que bela galhada eu tenho!
Exclamava orgulhoso.
_Mas que gambitos de pernas!
Reclamava insatisfeito.

Um dia, chegou um caçador
E o veado teve que fugir.
Pulava, corria, avançava
E se afastava do mal que o afrontava.
Entrou na mata fechada, sempre fugindo
Até que sua galhada ficou presa,
Enroscada, nos galhos das árvores.

O caçador o alcançou
E o veado ele matou.
Pobre veado que morreu
Sem perceber e dar valor
Ao que o mantinha vivo
E o que ele mais desprezava:
Suas delgadas e desprezadas
Pernas.

Será que teremos mais tempo
Do que o veado
Para percebermos e darmos valor
Ao que realmente nos sustenta?

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Roda Gigante


No parque
tudo é colorido:
o escorrega que desce,
a hora que se esquece,
o faz de conta divertido,
a magia do gira-gira,
o descanso do balanço,
do trepa-trepa que se estrepa.
Mas só me deixa radiante
andar na roda-gigante
ver o parque do alto
muito além do planalto,
mais longe que a pista de dança
de onde tudo se alcança.
Amo a roda-gigante,
ela me leva distante
e me faz perceber
que jamais vou morrer,
enquanto em mim for criança,
a imagem da esperança.

domingo, 10 de outubro de 2010

Dia-a-dia


Dia-a-dia
escrevemos
nossa história:
com momentos pra
cantar
com momentos pra
chorar.
Nunca nos sentimos
entediados
As cenas que vimos
encabulados
Tomam parte de nossos
traçados
Esquecemos a tristeza
E carregamos a beleza
com a eterna esperança
do futuro que se lança
Dia-a-dia
tudo passa
mas o amor
não desfarça
Vem comigo
aceita o desafio
de fazer nossos dias
um constante domingo.

Detalhes


Um brilho no ar,
seu jeito de piscar,
o calor de suas mãos,
o perfume dos vãos,
o balanço do andar,
tudo para encantar.
O sorriso espontâneo
e o olhar momentâneo
aguçam meu paladar
de seu beijo provar
seu canto de amor
é silêncio aterrador
nada pode me abater
como o desejo de te ter.

A sombra


Os sentidos nos mostram
que há algo escondido
são sombras que indicam
o que não foi esquecido.

Assim ficamos atentos
pois nem tudo está perdido
sempre chegam momentos
de unir o que foi partido.

À sombra, à luz da lua
seus suspiros são lamentos
quando à solidão da rua.

A sombra nos deslumbra
seu mistério nos perturba
nela vemos a alma nua.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Naneca


Naneca
É uma boneca
Que faz
Soneca
Que nana é essa?
Não interessa,
Não interessa.

domingo, 3 de outubro de 2010

Aos seis anos


Lembro da primeira palavra que li, foi GEPETO, pois comecei a ler com o livro que contava a história de PINÓQUIO, e a versão que eu tinha começava assim. Foi em casa, com um grupo de amiguinhas que eram mais velhas do que eu. Como sempre fui muito curiosa e gostava de histórias, minhas amigas, que também adoravam brincar de escolinha, ensinaram-me a ler. Nunca mais esqueci.

Eu também era canhota. Acho que totalmente canhota, pois além de só conseguir escrever usando a mão esquerda, eu achava que tinha que começar do lado oposto, ou seja, tentava escrever da direita para a esquerda, assim como os destros escrevem da esquerda para a direita. Hoje entendo que eu tinha problema de lateralidade.

Fiz o pré-primário duas vezes. Na primeira vez, eu tive sarampo, sarampo alemão, como diziam na época, ou seja, o tipo de sarampo que matou muita gente na Segunda Grande Guerra. Fiquei um mês no hospital. Tomei todo tipo de antibiótico, até ficar alérgica a penicilina - o que existia de mais moderno na época. Perdi e pele, descasquei como cobra. Hoje eu sei que foi reação a febres muito altas.

Foi minha primeira experiência com a morte. Sobrevivi. Não sei como, acho que vontade divina, milagre, ou simplesmente, não era minha hora...

Acostumei-me a lutar pela vida e a encarar a morte. O único limite para o ser humano. Daí, nasci mais forte, tão forte, que não temo nada. Só temo pelos que amo.

Fiz o pré-primário novamente, lembrei de tudo e fui a primeira aluna da sala. Amadureci. Daí em diante, sempre fui a primeira...

Bons tempos!